LINGUAGEM MATEMÁTICA E A LÍNGUA MATERNA
É
possível afirmar que linguagem e matemática são correspondentes: “ambas se
tornam possíveis pela mesma característica do cérebro humano” (DEVLIN, 2004,
p.37); pois é justamente esse pensar desconectado, a respeito de entes
abstratos, a condição necessária ao desenvolvimento do pensamento matemático.
Sob esse aspecto, Matemática e Língua Materna possuem a mesma raiz, a mesma
origem; “a capacidade matemática é nada mais do que a capacidade linguística
usada de maneira ligeiramente diferente” (DEVLIN, 2004, p.37).
Segundo Machado (2001, p.9) Língua
Materna seria “entendida como a primeira língua que aprendemos”. Sendo assim a
língua materna se forma com a necessidade de expressão e comunicação do
pensamento. ZUCHI (2004, p.49) quando afirma que para comunicar-se “um dos
meios mais eficientes que [o homem] conhece e de que dispõe é a linguagem”. Por
meio da linguagem a criança é exposta ao conhecimento humano e adquire
conhecimentos sobre o mundo que a rodeia. (FREITAS, apud ZUCHI, 2004).
“Considera-se então, que desde muito
cedo, Matemática e Língua Materna estão presentes em nossas mentes,
constituindo nossos fundamentais sistemas de representação, dos quais lançamos
mão para interpretar a realidade. Letras e números fazem parte do ferramental
cognitivo humano como entes complementares, cooperantes”. (PCN; 1997)
“No
limiar do raciocínio, Matemática e Língua Materna apresentam-se associadas,
interdependentes. Entretanto, apesar de comungarem da mesma fonte, de
compartilharem a mesma raiz, Matemática e Língua Materna, enquanto disciplinas
acadêmicas acabam por tomar direções opostas, pois desde o início do processo
escolar percebe-se, em nível de senso comum, uma ênfase nos aspectos que
separam as duas, em detrimento, sobretudo, da Matemática que aparece quase como
a vilã da história. Nesse sentido, a imagem de duas semi-retas com mesma origem
e sentidos opostos pode representar as imagens desses dois saberes, em âmbito
escolar, próxima relação a ser tratada”. (PCN; 1997)
“Desse modo,
podemos considerar que, desde a mais tenra idade, Matemática e Língua Materna
permeiam nossas mentes, constituindo nossos fundamentais sistemas de
representação, dos quais lançamos mão para interpretar a realidade. Letras e
números fazem parte do ferramental cognitivo humano como entes complementares,
cooperantes. No limiar do raciocínio, Matemática e Língua Materna apresentam-se
associadas, interdependentes”. (COURA 2006)
Desta
forma, o uso da linguagem matemática desvinculada dos processos de comunicação,
entre professores e alunos constitui-se num problema para o processo de ensino
e de aprendizagem, no contexto escolar. Para que isso não ocorra o professor
deve criar mecanismos capazes de explorar os materiais auxiliares, mostrando ao
aluno a importância da Matemática no dia a dia da sociedade, consistindo numa
importante forma de linguagem.
Partindo
dessa ideia de ensino por meio da linguagem Matemática, utilizaremos a
contextualização e a interdisciplinaridade visando o desenvolvimento de
técnicas, competências e habilidades, com a finalidade de capacitá-lo a
compreender e interpretar novas situações.
Além
disso, é preciso usar uma linguagem coloquial que se aproxime da realidade
dos alunos, isso não impede que se trabalhe com a linguagem adequada à
matemática, desde os anos iniciais, o professor precisa criar estratégias para
que as duas linguagens sejam usadas, a materna e a matemática.
Referências
B823P
BRASIL.
Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:
matemática / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF,
1997. 142p. 1. Parâmetros curriculares nacionais. 2. Matemática: Ensino de
primeira à quarta série. I. Título. CDU: 371.214
COURA, Flávia C. Figueiredo. (2006). Matemática E Língua Materna: Propostas Para Uma Interação Positiva.
13p. Programa de Pós-graduação em Educação Faculdade de Educação - Universidade
Federal de Minas Gerais. Disponível em:<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/MATEMATICA/Artigo_Coura.pdf>. Acesso em 30/11/15.
DEVLIN, Keith J. (2004). O gene
da matemática: o talento para lidar com números e a evolução do pensamento
matemático. Tradução: Sérgio Moraes Rego. Rio de Janeiro: Record.
MACHADO, Nilson J. Matemática
e língua materna. 5 ed. São Paulo, SP: Cortez, 2001.
ZUCHI,
Ivanete. A importância da linguagem no ensino de matemática. Educação
Matemática em Revista, n.16, p. 49-55, ano 11.